27 de outubro de 2011

A VERDADE POR TRÁS DA PROIBIÇÃO DO USO DE SACOLAS PLÁSTICAS NO BRASIL


Por Marcio R. N. Sousa e Rogéria Márcia[1]

Essa questão tem sido muito discutida nos meios de comunicação nos últimos meses, principalmente quando a prefeitura da maior cidade do país – São Paulo – e de outras grandes cidades resolveram adotar medidas para desestimular o uso de sacolas plásticas nos estabelecimentos comerciais.
Esse debate, de fato, é bastante relevante. Em muitos países essa proibição já existe há anos, como é o caso dos países europeus e norte-americanos. A discussão parte de constatações de que a produção e o consumo de plásticos representam um grande impacto para o meio ambiente e para a vida dos seres humanos e animais.
Quais são esses motivos que justificam a proibição do uso de sacolas plásticas?

Um pouco da história do plástico

O plástico personifica como nenhum outro produto a síntese da vida moderna, marcada pela pressa e pelo uso de produtos com facilidade de descarte. Sua raiz etimológica é grega e significa aquilo que pode ser moldado. Sua invenção data dos anos de 1892 e representou uma grande revolução. Mas, a sua disseminação foi maior a partir dos anos de 1920. Sua produção usa como matéria-prima as resinas derivadas do petróleo, pertencentes ao grupo dos polímeros (moléculas muito grandes, com características especiais e variadas.
No caso das sacolas plásticas, elas foram introduzidas no cotidiano mundial a partir dos anos de 1950 e se popularizou na década de 1970, devido a sua facilidade no manuseio de produtos comprados em supermercados, feiras, lojas e, também, por seu baixo custo de produção. Segundo Instituto Akatu, estima-se que sejam produzidos anualmente de 500 bilhões a 1trilhão de unidades de sacolas no mundo. No Brasil, esse número chega aos 15 bilhões de unidades.

Os efeitos sobre o meio ambiente e a vida animal

Segundo o Instituto Akatu, por ser feita de petróleo (especificamente de polietileno) a sacola plástica leva centena de anos para se decompor, ou seja, um saquinho que se joga hoje poderá ser encontrado no futuro por nossos tataranetos, pro exemplo. Por isso, elas são um grande agente poluidor, que degrada rios, lagos e mares e, quando é descartado no meio urbano, entope bueiros e tubulações de esgoto, causando as enchentes que grandes transtornos trazem aos moradores das grandes cidades.
Nos Oceanos a poluição causada pelo plástico tem sido mais evidente. Segundo o relatório do Programa Internacional Sobre os Estados dos Oceanos (IPSO, na sigla em inglês), existe grandes quantidades de partículas de plástico nas águas oceânicas que, além de prejudicar a alimentação dos peixes que os consomem, é responsável pela proliferação de algas tóxicas, acidificando os mares e, consequemente, diminuindo a concentração de oxigênio na água, contribuindo para o aquecimento global e ameaçando os recifes de corais.
Os seres humanos não estão imunes aos efeitos do uso plástico. De acordo com o artigo publicado no jornal Environmental Research[2], sob o título “O mundo de plástico”, a exposição aos materiais usados na fabricação, tais como o Bisphenol A e os ftalatos e retardantes de chama (BPDEs), produzem efeitos indesejáveis à saúde humana. Esses ingredientes são cumulativos e não são excretados pelo nosso organismo e são responsáveis por distúrbios químicos que comprometem a produção de hormônios. Além disso, comprometem o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos e do cérebro de crianças.
Diante de um quadro verdadeiramente assustador, quais são as alternativas que se apresentam?

Alternativas para o uso de sacolas plásticas

A grande alternativa atualmente é a substituição das sacolas comuns, a base de petróleo, por sacolas plásticas feitas com materiais biodegradáveis, à base de cana de açúcar e milho, cuja degradação se dá em poucos meses e não se açula no solo e nos oceanos. No entanto, a reclamação por parte dos comerciantes é que o custo dessa iniciativa ainda é muito alto e, pode inviabilizar os negócios.
 Entretanto, muitas alternativas a esse problema vêm sendo implementadas. Aqui no Amapá, por exemplo, existe uma iniciativa do Vereador Clécio Luis do PSOL/Amapá, por meio do Projeto de Lei Municipal nº. 046/10-CMM, que objetiva instituir incentivos fiscais no valor dos Alvarás de Licenciamento e Autorização para os estabelecimentos comerciais que forneçam aos consumidores, no acondicionamento e entrega de produtos e mercadorias, sacolas de papel, sacolas reutilizáveis ou sacolas plásticas biodegradáveis.
Algumas redes de supermercados da capital Macapá – como a rede de supermercados Fortaleza – já oferecem, ainda que timidamente, sacolas reutilizáveis para os seus clientes.
Essas tentativas visam resgatar os hábitos de consumo de pouco mais de 30 anos, quando nossos pais e avós iam com suas sacolas para as feiras e nos açougues as carnes eram embaladas em papel jornal, assim como, o nosso pão de cada dia. Sem falar no açaí que era vendido nas batedeiras e era acondicionado diretamente nas panelas de alumínio trazidas pelos clientes.
Em bem verdade que a vida moderna dificulta essa volta às origens. Mas é urgente a busca de novas alternativas para a substituição das sacolas plásticas a base de petróleo, que envolvam a conscientização dos consumidores aliado a adoção dessas novas alternativas biodegradáveis. Caso contrário, isso contribuirá significativamente para inviabilizar a vida no Planeta Terra.


[1] Acadêmicos do 2º Semestre do Curso de Comunicação Social, da Faculdade SEAMA.