Por Marcio R. N. Sousa e Rogéria Márcia[1]
Essa questão tem sido muito
discutida nos meios de comunicação nos últimos meses, principalmente quando a
prefeitura da maior cidade do país – São Paulo – e de outras grandes cidades
resolveram adotar medidas para desestimular o uso de sacolas plásticas nos
estabelecimentos comerciais.
Esse debate, de fato, é
bastante relevante. Em muitos países essa proibição já existe há anos, como é o
caso dos países europeus e norte-americanos. A discussão parte de constatações
de que a produção e o consumo de plásticos representam um grande impacto para o
meio ambiente e para a vida dos seres humanos e animais.
Quais são esses motivos que
justificam a proibição do uso de sacolas plásticas?
Um pouco da história do
plástico
O plástico personifica como
nenhum outro produto a síntese da vida moderna, marcada pela pressa e pelo uso
de produtos com facilidade de descarte. Sua raiz etimológica é grega e
significa aquilo que pode ser moldado. Sua invenção data dos anos de 1892 e
representou uma grande revolução. Mas, a sua disseminação foi maior a partir
dos anos de 1920. Sua produção usa como matéria-prima as resinas derivadas do
petróleo, pertencentes ao grupo dos polímeros (moléculas muito grandes, com
características especiais e variadas.
No caso das sacolas plásticas, elas foram
introduzidas no cotidiano mundial a partir dos anos de 1950 e se popularizou na
década de 1970, devido a sua facilidade no manuseio de produtos comprados em
supermercados, feiras, lojas e, também, por seu baixo custo de produção. Segundo
Instituto Akatu, estima-se que sejam produzidos anualmente de 500 bilhões a
1trilhão de unidades de sacolas no mundo. No Brasil, esse número chega aos 15
bilhões de unidades.
Os efeitos
sobre o meio ambiente e a vida animal
Segundo o Instituto Akatu,
por ser feita de petróleo (especificamente de polietileno) a sacola plástica
leva centena de anos para se decompor, ou seja, um saquinho que se joga hoje
poderá ser encontrado no futuro por nossos tataranetos, pro exemplo. Por isso,
elas são um grande agente poluidor, que degrada rios, lagos e mares e, quando é
descartado no meio urbano, entope bueiros e tubulações de esgoto, causando as
enchentes que grandes transtornos trazem aos moradores das grandes cidades.
Nos Oceanos a poluição
causada pelo plástico tem sido mais evidente. Segundo o relatório do Programa
Internacional Sobre os Estados dos Oceanos (IPSO, na sigla em inglês), existe grandes
quantidades de partículas de plástico nas águas oceânicas que, além de
prejudicar a alimentação dos peixes que os consomem, é responsável pela
proliferação de algas tóxicas, acidificando os mares e, consequemente,
diminuindo a concentração de oxigênio na água, contribuindo para o aquecimento
global e ameaçando os recifes de corais.
Os seres humanos não estão
imunes aos efeitos do uso plástico. De acordo com o artigo publicado no jornal Environmental Research[2],
sob o título “O mundo de plástico”, a exposição aos materiais usados na
fabricação, tais como o Bisphenol A e os ftalatos e retardantes de chama
(BPDEs), produzem efeitos indesejáveis à saúde humana. Esses ingredientes são
cumulativos e não são excretados pelo nosso organismo e são responsáveis por
distúrbios químicos que comprometem a produção de hormônios. Além disso,
comprometem o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos e do cérebro de
crianças.
Diante de um quadro
verdadeiramente assustador, quais são as alternativas que se apresentam?
Alternativas
para o uso de sacolas plásticas
A grande alternativa
atualmente é a substituição das sacolas comuns, a base de petróleo, por sacolas
plásticas feitas com materiais biodegradáveis, à base de cana de açúcar e
milho, cuja degradação se dá em poucos meses e não se açula no solo e nos
oceanos. No entanto, a reclamação por parte dos comerciantes é que o custo
dessa iniciativa ainda é muito alto e, pode inviabilizar os negócios.
Entretanto, muitas alternativas a esse
problema vêm sendo implementadas. Aqui no Amapá, por exemplo, existe uma
iniciativa do Vereador Clécio Luis do PSOL/Amapá, por meio do Projeto de Lei
Municipal nº. 046/10-CMM, que objetiva instituir incentivos fiscais no valor
dos Alvarás de Licenciamento e Autorização para os estabelecimentos comerciais
que forneçam aos consumidores, no acondicionamento e entrega de produtos e
mercadorias, sacolas de papel, sacolas reutilizáveis ou sacolas plásticas
biodegradáveis.
Algumas redes de
supermercados da capital Macapá – como a rede de supermercados Fortaleza – já oferecem,
ainda que timidamente, sacolas reutilizáveis para os seus clientes.
Essas tentativas visam
resgatar os hábitos de consumo de pouco mais de 30 anos, quando nossos pais e
avós iam com suas sacolas para as feiras e nos açougues as carnes eram
embaladas em papel jornal, assim como, o nosso pão de cada dia. Sem falar no
açaí que era vendido nas batedeiras e era acondicionado diretamente nas panelas
de alumínio trazidas pelos clientes.
Em bem verdade que a vida
moderna dificulta essa volta às origens. Mas é urgente a busca de novas
alternativas para a substituição das sacolas plásticas a base de petróleo, que
envolvam a conscientização dos consumidores aliado a adoção dessas novas
alternativas biodegradáveis. Caso contrário, isso contribuirá significativamente
para inviabilizar a vida no Planeta Terra.
[1] Acadêmicos do 2º Semestre do Curso de Comunicação Social, da Faculdade
SEAMA.
[2] Disponível em: http://environmentalresearchweb.org/