31 de maio de 2011

"Sempre eles. É impressionante"

A Gazeta divulga lista negra do PSB

Ao cumprir mandado de busca e apreensão na residência da conselheira aposentada, a Polícia Federal encontrou uma relação de possíveis desafetos da família

A segunda fase da vero 2011 da Operação Mãos Limpas deflagrada no último sábado em Macapá revelou um documento inusitado. Ao cumprir mandado de busca e apreensão na residência da conselheira aposentada do Tribunal de Contas do Estado, Raquel Capiberibe - irmã de João Alberto Capiberibe -, a Polícia Federal encontrou uma relação de possíveis desafetos da família que atualmente mantém tentáculos no Governo do Estado, Câmara Federal e Senado.
O Jornal a Gazeta teve acesso à parte dessa relação que inspira o mais claro sentimento de vingança aos que não compartilham das ideologias políticas da família Capiberibe. Além das identidades dos supostos "anti-capiberistas", como a própria conselheira os relaciona, Raquel Capiberibe rabiscou anotações que convalidavam a sua indicação às possíveis exonerações pelo governador Camilo Capiberibe, seu sobrinho.
Os nomes dos servidores transcritos em sua lista de desafetos correspondem a pessoas que em gestões anteriores ocuparam cargos comissionados em diversos setores do Estado. Entre os ticados para o desemprego está a técnica Andréa Marvão, que por mais de cinco anos coordena o Banco de Leite Humano da Maternidade Mãe Luzia. 
Em sua justificativa para a solicitação de exoneração da técnica, Raquel Capiberibe anotou a seguinte observação: "Andrea Marvão, do Banco de Leite Humano (Maternidade Mãe Luzia), está até hoje no cargo. Era uma das coordenadoras da campanha da Marília Góes. Só vivia na residência governamental, em festas com a Marília" (Marília Góes é deputada estadual, ex-primeira-dama do Estado).   
Embora não tenha sido divulgada oficialmente pela Polícia Federal, a relação com os treze nomes de funcionários que não estariam apoiando Camilo Capiberibe vazou e chegou às redações de jornais locais.

"Na nossa política tudo vale"
Ontem, no final da tarde, o advogado de Raquel Capiberibe, Hélio Martins, chamou a imprensa para dar explicações sobre o episódio. Representando a conselheira que está em Pedra Branca do Amapari, onde ocupa o cargo de secretária de Educação, Martins negou a existência da lista, afirmando evasivamente tratar-se de interesse político.
"É interesse político de quem tem interesse político. Na nossa política tudo vale", disse.   
Expondo uma certidão narrativa acerca de qual movimentação fora procedida na casa da conselheira, Martins assegurou que a Polícia Federal apreendeu na residência de Raquel Capiberibe apenas uma agenda e um computador. Os materiais foram enviados a Brasília para análise e juntada ao processo relacionado à Operação Mãos Limpas, cujo início aconteceu em 10 de setembro do ano passado.
O advogado de Raquel disse ainda que já elabora uma petição para devolução da agenda da conselheira. Sobre as suspeitas que recaem sobre sua cliente, Martins disse que Raquel Capiberibe tem padrão social condizente com as suas finanças.
"No mandado da PF o ministro diz que o material a ser buscado e apreendido deve ser aparentemente incondizente com a condição financeira compatível ao investigado. Não é o caso da conselheira", declarou, embora não tenha explicado por qual razão sua casa fora visitada e seus materiais apreendidos pela Polícia Federal.  
"Como vocês estão vendo esta casa (da conselheira) é modesta. Aqui não há cofres, não há carros de luxo", completou, na intenção de convalidar o que declarara sobre a condição financeira de Raquel Capiberibe.
Sobre as providências a serem tomadas a partir da operação, Martins foi taxativo: "A conselheira vai acionar na Justiça quem utilizou de maneira indevida a sua imagem e relacionou seu nome a irregularidades".


Gargalos de uma transição

Raquel Capiberibe
O delegado que comandou a mais recente etapa da Operação Mãos Limpas no Amapá, cujo nome ficará sob sigilo, comentou em conversa informal com jornalistas, na sede da Polícia Federal, em Macapá, que a troca de governo só aumentou a insegurança no Estado.
Sobre os órgãos de segurança do Amapá, o delegado foi incisivo: “Ao invés de investigarem, eles roubam”. 
A segunda fase da operação neste ano aconteceu no último sábado (28). Dezessete mandados de busca e apreensão e onze conduções coercitivas foram cumpridos no Amapá e em mais três estados (Pará, Paraíba e Distrito Federal).
Foram apreendidos materiais nas casas de Raquel Capiberibe, Manoel Dias (conselheiro do TCE), Amiraldo Favacho, Júlio Miranda, Regildo Salomão e Margareth Salomão, e ainda de funcionários do Tribunal de Contas do Estado.
Documentos, computadores e dinheiro apreendidos foram enviados a Brasília para análise e juntada ao processo correspondente à operação. A Polícia Federal não descarta a possibilidade de prisões após o final da investigação ao material recolhido. 

Previsão acertada
Em 2005, uma ação popular ajuizada por Ernandes Lopes Pereira pedia a destituição de Raquel Capiberibe do cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Estado, juntamente com José Júlio Miranda Coelho, Regildo Wanderlei Salomão e Amiraldo Favacho, alegando que não preenchiam os requisitos constitucionais necessários ao exercício do cargo. Por unanimidade, em 2006, a Câmara Única do Tribunal de Justiça do Amapá negou provimento à remessa oficial e manteve os conselheiros em seus cargos.


Lista dos desafetos

Eclemilda Maciel da silva
Gerente do Núcleo de Educação Indígena. Professora do Some. Nunca pisou em sala de aula, apoiou Pedro Paulo e no 2º turno era Lucas Barreto.

Maria do Socorro Sena Ramos (a casa dela funcionava como 
comitê de Lucas Barreto)
Funcionária do contrato administrativo, antes era chefe do setor de pessoal. Atualmente trabalha no setor de contratos onde favoreceu muitas pessoas na época da eleição com a garantia de conseguir votos para Lucas Barreto. Ameaçava que ninguém a tira do cargo, pois sabe de muitas coisas escusas dentro da Seed.

Giovana Dias Gomes 
Prima de Pedro Paulo acumula várias funções, tais como : chefe do Abrigo dos idosos; chefe do Super Fácil Jari; chefe na vice-governadoria; chefe no Super Fácil no centro de Macapá.
No segundo turno era Lucas Barreto e com a vitória do Camilo mandou adesivar seu carro, garantindo que sempre foi Camilo (oportunista).

Arlete Moreira 
Papiloscopista, funcionária federal. Trabalha atualmente no Ciosp do Congós. Era Jorge Amanajás no primeiro turno e no segundo turno aparecia esporadicamente nos comícios de Camilo. Na época do Capi ela era uma verdadeira terrorista (não foi uma boa administradora).

Antonio Waldez lima
Professor de Filosofia do contrato administrativo fez campanha para o Lucas Barreto desde o primeiro turno, trabalhava em Vitória do Jari.

Ana Lucia de Jesus Rodrigues 
Ocupava o cargo de chefe de contratos e convênios da Seed, é uma liderança forte da Pedreira e de alta confiança de Waldez Góes e Pedro Paulo. Não pode pegar nenhum cargo no governo 40. É Perigosa.

O diretor do departamento da informática da Sejusp 
Era o segurança do Gilvan. De alta confiança de Gilvan Borges. Olha o perigo para o nosso governo!

Cleodineia Paz do Carmo 
Ex-gerente do Abrigo São José, seus candidatos eram: estadual Marília Góes, federal Conceição Medeiros, senador- 1 Waldez Góes e o 2º Gilvam Borges.
Coordenava o comitê dos Góes no bairro do Congós, próximo à sua residência. Seus filhos, todos os dois, tinham cargo, são eles: Cairo do Carmo Cordeiro e Rúbia Maiara do Carmo Cordeiro, ela no abrigo São José e ele no Super Fácil.
Atualmente a Rúbia Maiara do Carmo Cordeiro foi nomeada psicóloga para a Amprev (São todos ligados à família GÓES) e anti-capiberibe.

Andrea Marvão 
Do Banco de Leite Humano (Maternidade Mãe Luzia), está até hoje no cargo. Era uma das coordenadoras da campanha da Marília Góes. Só vivia na residência governamental, em festas com o Marília.  

Fracilene Melo 
Professora concursada de Itaubal, é assessora da Maria do Socorro na Seed, sempre foi contra a família Capiberibe.

Lana Lameira 
É pessoa de confiança do Gilvan e está no nosso governo. Assumiu o cargo de Pedagoga e a direção da escoa de Pedra Branca. Fez campanha para Gilvan, Waldez e Lucas Barreto. Diz ter horror à família Capiberibe.

Denise 
Gerente do Bailique, no primeiro turno era Pedro Paulo e no segundo Lucas Barreto. Ameaçava de exoneração os diretores do Bailique e os contratos administrativos.

Rafael de Oliveira dos Santos 
Contrato administrativo da Seed da época do Waldez com o Pedro Paulo. Ele disse para o Elzo, filho da Terezinha Barreto, que para tirar ele de lá alguém do 40 tem que ser “picão”. Até hoje a bandeira do 14 está na casa dele. Ele faz faculdade com o filho da Terezinha e disputava os adesivos: O Elzo 40 ele 11 e depois 14. 




 Geovani Borges pede justiça em caso com a família Capiberibe

            Senador afirmou que, segundo a imprensa, o material apreendido na casa da ex-conselheira pode ligar o esquema de fraudes ao grupo político de Capiberibe.
O senador Geovani Borges (PMDB-AP) fez nesta segunda-feira (30) em Plenário um “alerta indignado” mostrando a “atuação nefasta” do clã Capiberibe no estado do Amapá. Afirmando estar cumprindo seu dever de cidadão e “não se sentir constrangido por defender o irmão”, o senador licenciado Gilvan Borges (PMDB-AP), a quem substitui como suplente, Geovani Borges disse que, no último sábado (28), a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva em endereços de conselheiros, servidores e ex-conselheiros do Tribunal de Contas do Amapá (TCE-AP).
“A investigação do PF e da Controladoria Geral da União (CGU) constatou desvio de parte do orçamento do Tribunal de Contas. E mais uma vez quem está no foco é a badalada família. Desta vez, Raquel Capiberibe, tia do governador do Amapá, Camilo Capiberibe, e irmã do senador cassado, João Capiberibe, e seu compadre Manoel Antonio Dias, nomeado conselheiro na época em que era o governador. Sempre eles. É impressionante”, declarou.
Geovani Borges afirmou que, segundo a imprensa, o material apreendido na casa da ex-conselheira pode ligar o esquema de fraudes ao grupo político de Capiberibe. Segundo o senador, essa investigação é um desdobramento da Operação Mãos Limpas de 2010. De acordo com o senador, a PF revelou a apreensão de duas pastas com documentos, dentre eles uma relação de nomes de funcionários que não estariam apoiando o atual governador Camilo Capiberibe, além de sugestões de cargos a serem ocupados pela família Capiberibe.
Geovani Borges disse também que os agentes federais estiveram na casa do conselheiro Manoel Dias, indicado por João Capiberibe para o TCE-AP e responsável pela aprovação das contas do ex-governador há poucas semanas. Os policiais apreenderam R$ 31 mil na residência. No TCE-AP, além de documentos, foram apreendidos computadores que serão periciados pela PF.
“Em toda investigação tem coisas que não se sustentam e coisas que ficam como evidência de culpa. O que se clama aqui é pela justiça, é pela determinação de desbaratar quadrilhas. É de ir fundo nas buscas. Quem não deve, não tem o que temer. Se tudo for realmente verdade, está aí um prato cheio para o Ministério Público Federal, para a Polícia Federal e também para a Justiça Federal investigarem o que pode estar por trás das eleições 2010”, assinalou. (Agência Senado) 



Fonte: Jornal A Gazeta                 http://ow.ly/56BiR         http://ow.ly/56BlO

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