31 de agosto de 2011

Primavera Chilena continua


Movimento rejeita oferta sobre reforma educacional e exige ensino público gratuito


                O presidente do Chile, Sebastián Piñera, firmou um acordo nacional para a educação, que inclui um fundo de US$ 4 bilhões, em uma tentativa de pôr fim aos protestos que exigem maior contribuição do Estado neste sentido.

                       Os estudantes chilenos questionam a proposta do presidente, afirmando que o  documento é muito "ideológico", e em vez de fortalecer a educação pública, "tende a privatiza-la".

                  As lideranças estudantis consideraram o acordo insuficiente para atender as necessidades do ensino superior. Segundo eles o maior ponto é o endividamento financeiro que eles tem acumulados, cursar uma disciplina na Universidade do Chile pode custar US$ 8.000 por ano. Cerca de 40% dos estudantes deixam a universidade endividados. "Queremos acabar com o lucro, avançar com um sistema de ensino público de qualidade, com acesso equitativo, democrático e gratuito para garantir o direito à educação", disse a líder estudantil Camila Vallejos.

Estudantes chilenos em confronto com a polícia

Ministro chileno Pablo Nogueira




                         Assim como haviam anunciado os estudantes fizeram novos protestos afim de que a educação seja mais respeitada e ao alcance de todos. O ministro chileno da Economia, Pablo Longueira, declarou que "se não pudesse pagar a educação de meus filhos, também estaria marchando". Infelizmente nem todos podem fazer o mesmo e acabam se afundando nos altos custos do ensino superior chileno.

19 de agosto de 2011

A 'faxineira explosiva' do PT


Do Estadão: Petistas temem que ''faxina'' de Dilma carimbe gestão de Lula como ''corrupta''


A 'faxina' no governo da presidente Dilma Rousseff, que já derrubou quatro ministros em dois meses e doze dias, causa extremo desconforto no PT. Dirigentes do partido, senadores, deputados e até ministros temem que, com a escalada de escândalos revelados nos últimos meses - especialmente nas pastas dos Transportes, do Turismo e da Agricultura -, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva acabe carimbado como corrupto. Todos os abatidos na Esplanada foram herdados de Lula.
Em conversas a portas fechadas, petistas criticam o estilo de Dilma, a 'descoordenação' na seara política e o que chamam de 'jeito duro' da presidente. Uma das frases mais ouvidas nessas rodas é: 'Temos de defender o nosso projeto e o Lula.' Mesmo os que não pregam abertamente a volta de Lula na eleição de 2014 dizem que Dilma está comprando brigas em todas as frentes - do Congresso ao movimento sindical -, sem perceber que, com sua atitude, alimenta o 'insaciável leão' do noticiário e incentiva o tiroteio entre aliados.
Na avaliação de petistas, o poderoso PMDB - que na quarta-feira perdeu o ministro da Agricultura, Wagner Rossi - não é confiável e acabará dando o troco a qualquer momento.
Dilma chamou ministros e dirigentes do PT para uma conversa no domingo à noite, no Alvorada. A presidente pediu o encontro para ouvir a avaliação de auxiliares sobre a crise na base.
Ela contou ali sobre a reunião com Lula na semana anterior, admitiu a necessidade de se reaproximar dos partidos que compõem a coligação e avisou que teria um tête-à-tête no dia seguinte com o vice-presidente Michel Temer e com os líderes do PMDB na Câmara e no Senado. Àquela altura, a situação de Rossi era considerada complicada, mas ainda não havia sido divulgada a notícia do uso do jatinho de uma empresa que tem negócios com o governo pelo então ministro, afilhado de Temer.
Com receio da reação de Dilma - conhecida pelo temperamento explosivo -, alguns ministros pontuaram, com todo o cuidado, os problemas de relacionamento no Congresso após as demissões e citaram o PMDB e o PR. As alianças para as eleições municipais de 2012 também entraram na conversa. Diante de Dilma, no entanto, ninguém rasgou o verbo e muito menos criticou o estilo adotado por ela.
Um ministro disse ao Estado, sob a condição de anonimato, que, não fosse a pesquisa CNI/Ibope recém saída do forno - o levantamento fora divulgado na quarta-feira, quatro dias antes da reunião no Alvorada -, a presidente acharia que tudo estava bem. Naquela pesquisa, a avaliação favorável do governo Dilma caiu 8 pontos em relação à sondagem anterior, de março, quando 56% dos entrevistados consideraram o governo Dilma 'ótimo ou bom'. Agora foram 48%.
Embora Dilma tenha falado sobre a necessidade de curar feridas em sua base de sustentação no Congresso, em nenhum momento ela mostrou arrependimento na forma como tem agido. Segundo relatos, a presidente disse que precisou fazer uma reformulação no Ministério dos Transportes, administrado pelo PR, por causa de irregularidades descobertas no setor. Mas não seria sua intenção recorrer a uma 'faxina geral' na Esplanada, sem motivos concretos.
Uma mudança de estratégia, no entanto, foi acertada no Alvorada. Dilma concordou que o governo precisa divulgar melhor os seus programas e criar uma agenda positiva para reagir à crise. Não foi só: ela também garantiu aos petistas que viajará mais e dará mais entrevistas aos veículos de comunicação do interior.
Há dez dias, 12 parlamentares do PT procuraram as ministras da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, no Planalto. Avisaram que o governo Dilma caminhava para o isolamento no Congresso. No diagnóstico dos petistas que foram ao Planalto, a presidente 'desarmou a linha de defesa' ao promover a 'faxina' ética sem retaguarda política. Quando as ministras quiseram saber qual era a principal queixa, um dos participantes respondeu: 'O problema é a próxima crise'.