6 de abril de 2011

Saudades daqueles tempos

Almoçando com um amigo que está já cercando os 40 anos, ele me dizia da época que passará em um colégio interno para futuros padres no interior do Pará. Da rebeldia de uns, da comodidade de outros, os mais malandros que estavam ali somente para ficar longe de casa e os que realmente queriam seguir o sacerdócio. Ele contava a história do que faziam para poder beber uma cachaça, das dificuldades para fugir do colégio a noite. Lembrando das loucuras que ele e os amigos faziam para ter um momento de liberdade, para fazer suas loucuras de juventude.

Os personagens das historias pareciam ter saído de um desses filmes de aventura dos anos 80 e 90, o que me causava uma inveja de não ter histórias tão boas de juventude pra contar, sinto falta de coisas que não vivi, falta de momento como esses em que meu amigo contava com tanto orgulho. Eu ficava imaginando será que nasci na época errada, sinto uma falta do risco, das dificuldades de ser livre. Hoje tudo é tão fácil, tudo que a juventude quer ela tem de graça – claro que as coisas têm seu preço, seu sacrifício pessoal, mas não como na época das revoluções por minuto e dos “cara-pintada” – sem dificuldades de conquista.

Hoje com 13 ou 14 anos já se vai para a balada, os pais hoje entregam as chaves da liberdade (e do carro) cada vez mais cedo aos filhos – isso com sérias conseqüências – e assim deixando as conquistas de lado. Já não se segue o ditado “não dou o peixe, ensino a pescar”, os pais se deixam levar pela modernidade familiar, enquanto a época pede mais tradicionalidade para as evoluções negativas do mundo.

Voltando as lembranças que o meu amigo compartilhou comigo, me reservo a dizer algumas, mas ele que me perdoe, mas direi do arroz que superfaturava na cozinha do internato só para ter um dinheiro a mais para comprar suas coisas (já que a grana era pouca). E que fiquei com muita pena do pobre vigia que eles chantagearam contar ao padre que gastava o seu salário em cachaça no barzinho da esquina só para poder sair do colégio sem pular o muro.

Superfaturaria o arroz e chantagearia o vigia só para estar naqueles dias tão bons. Boas lembranças. Como diz uma música do Amado Batista que o meu pai canta muito “saudades daqueles tempos, tempos que não voltam mais”. Enfim, pra quem não os viveram eles não voltam mesmo.

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